a mucama para lavar-lhe e engomar-lhe a roupa, um camarote no teatro de quando em quando, aos domingos um passeio à cidade, e lá uma vez por outra uma "soirée" em casa de alguma amiga. "Ah! Não se podia comparar a existência que levava agora com a peste de vida que curtira na Rua do Resende!"

É que então não havia a menor folga; não se podia arredar pé do serviço! E todo o dia reclamações! E todo o dia — o banho morno de fulano! O chocolate de beltrano! Este queria ir sem pagar a conta; o outro se entendia no direito de dizer desaforos porque pagava! Arre! Assim também não era viver! Seu corpo há muito tempo que pedia aquele repouso! Se continuasse a labutar como dantes — credo! — estourava por aí um dia, esfalfada!

E, com medo de perder a "pepineira", cercava Amâncio de adulações. Tinha-o na conta de um patrão, de um amo, com direito a todos os carinhos e desvelos. Assim jamais o contrariava, nunca lhe opunha censuras. — Aquilo que o rapaz fizesse estava sempre muito bem feito!

No seu entendimento mercantil de locandeira, Amâncio não aparecia "como isto ou como aquilo", representava pura e simplesmente "um bom arranjo". Ali não havia favores, havia negócio, ninguém ficava a dever obrigações. — Ele despendia tanto em dinheiro, mas recebia em carícias e bom trato um valor correspondente. — Estavam quites!

Apenas, como o negócio era rendoso e agradava a boa mulher, esta fazia o que estava ao seu alcance por aguentá-lo o maior tempo possível, como de resto, qualquer um procedia com referência a um bom emprego. Quanto à posição de Amélia, Mme. Brizard a dava por natural e coerente. Não via na cunhada uma vítima