um charuto: "Não, filha, tem paciência! E se insistes, vai tudo às mãos de Campos!"...

Hortênsia, ao ouvir estas palavras, estorcia-se numa aflição teatral, e logo que Amâncio se dispunha a partir, desabava de costas, quase morta, justamente como as heroínas dos romances que ele devorava aos quinze anos.

Mas a terrível concupiscência do nortista, sobrepujando logo a fantasia do vaidoso, não resistia à tentação de possuir, ao menos em sonho, aquele belo corpo desfalecido e, como dantes, começava mentalmente a despi-lo, peça por peça, até deixá-lo em pleno escândalo da carne.

Entrou em casa resolvido a levantar o vôo, custasse o que custasse.

— Sim, era preciso ir! por Hortênsia, por sua mãe, por Amélia, por mera distração, por tudo! Precisava afastar-se daquele inferno, onde duas mulheres, como duas sombras, o torturavam; uma fugindo e a outra perseguindo. Desde que recebeu a tremenda resposta de Hortênsia, sentia-se muito nervoso e irascível; Amélia suportava-o, sabe Deus como, fazendo milagres de paciência para não se afastar dos conselhos que lhe dera o irmão. Quase que já se não podiam sofrer um ao outro. Além disso, as cartas de Ângela repetiam-se agora desesperadamente. "Estaria a pobre mãe com efeito em risco de vida?"... pensava Amâncio. "Dependeria dele o salvá-la?... E os seus interesses que havia tanto tempo o reclamavam?... E as saudades da pátria? e os prazeres que encontraria à volta do primeiro ano acadêmico?"

Os prazeres, sim. Amâncio, pelo derradeiro paquete,