sentia muito pena daquele desditoso rapaz!

Amava-o agora. Seu espírito atrasado e muito brasileiro descobria nele uma vítima de fatalidades amorosas, e esse prisma romântico emprestava ao estudante uma irresistível simpatia de tristeza, uma deliciosa atração de desgraça.

Hortênsia sonhava-o "pálido, melancólico, desprezado no fundo de uma prisão, tendo por leito — um catre abominável, por única luz — uma trêmula aresta do sol que se filtrava pelas grades negras do cárcere".

E aquela encantadora figura do prisioneiro, com a cabeça languidamente apoiada nas mãos, os olhos úmidos de pranto, os cabelos em desalinho, sobre a fronte — a penetrava toda, enchia-lhe o coração, num aflitivo transbordamento de lágrimas.

— Oh! Aquela adorável figura de vinte anos sofria tudo aquilo porque a amava! — porque uma paixão insensata lhe entrara no peito; sofria porque Hortênsia recusara os beijos que o desventurado lhe pedira com tanta febre e com tanta ansiedade.

Pobre moço! Pobres vinte anos! dizia ela quase com as mesmas frases do marido. — Mas por que se haviam de ter vistos?... por que se haviam de amar?...

E a mulher de Campos, que até aí não sentira dificuldade em resistir às seduções do estudante, agora, fascinada pela dramatização daquela catástrofe que o heroificava, via-o belo, indispensável, grande na sua situação especial, conhecido das mulheres, temido e odiado dos homens, vivendo na curiosidade do público, percorrendo todas as fantasias, sobressaltando todos os corações.

E o contraste da sofredora condição em que o via presentemente com as atitudes brilhantes que ele outrora estadeara naquela própria casa, quando, de taça em