Ah! Era isso decerto o que a enchia de aflição e desalento! — era a desgraça dessa pobre criatura, contra a qual tudo parecia conspirar como se um gênio fantástico e mau a perseguisse! Que seria agora do mísero, sem a proteção de Campos?... Que seria do desgraçado, sem esse último companheiro que lhe restava no meio de tamanhas lutas?...

Violou uma donzela, é verdade! Mas deveriam responsabilizá-lo por isso?... Seria ele o verdadeiro culpado ou simplesmente uma vítima?... Falava-se tanto nos costumes de toda aquela gente de Coqueiro!... rosnavam com tanta insistência sobre os planos, os cálculos, as armadilhas tramadas ao dinheiro do rapaz!... De que lado estaria a razão?... E, quando se revoltassem todos contra o infeliz, teria ela, Hortênsia, o direito de fazer o mesmo?... Não lhe caberia grande parte na culpa que o acusavam? não poderia ela, só ela, ter evitado aquilo tudo com uma simples palavra de amor?... Por que, afinal o que lançou Amâncio nos braços da tal rapariga?... Foi a paixão? foi a beleza? foi o talento? — não! foi unicamente o despeito! foi o delírio, o desespero de um coração repudiado! — Sim, sim! Tudo aquilo sucedera, porque ela o repelira; porque ela, a imprudente, fechara-lhe os braços, quando o desgraçado, louco de paixão, lhe suplicava por tudo um bocado de amor, um pouco de caridade!...

Antes tivesse cedido!...

E embravecia-lhe o pranto. — Antes tivesse, porque, se assim fosse, o pobre moço, com certeza, não pensaria na outra! — Mas o infeliz, coitado! viu-se aflito, enraivecido, sofrendo, sabe Deus o quê! e sucumbiu, ora essa! sucumbiu por desalento, talvez por vingança, talvez por não ter outro remédio! — Não! definitivamente