ruas. No Maranhão falavam com tanto assombro dos gatunos da Corte! — os tais capoeiras! E Amâncio sobressaltava-se pensando num encontro desagradável, em que lhe cambiassem o dinheiro e as jóias por uma navalhada.
Seu maior desejo era ter ali um dos amigos da província, a quem confiasse as impressões recebidas e com quem pudesse conversar livremente, à franca, sem maior palavras, nem tomar as enfadonhas reservas e composturas, que lhe impunha a censória presença do negociante.
Por isso, numa ocasião, em que atravessava pela manhã o Beco do Cotovelo, sentiu grande alegria ao dar cara a cara com Paiva Rocha. O Paiva era seu comprovinciano e fora seu condiscípulo; pertenceram à mesma turma de exames na aula do Pires e matricularam-se juntos no Liceu. Mas, enquanto o filho de Vasconcelos estudou as três primeiras matérias, o outro fez todos os preparatórios.
Abraçaram-se. Houve exclamações de parte a parte.
— Ora Paiva! disse Amâncio afinal, encarando o amigo com um olhar muito satisfeito. — Não te fazia aqui na Corte!
— Estou na Politécnica.
— Ah! exclamou Amâncio, com interesse. — Que ano?
— Terceiro.
— Bom. Estás quase livre!
— Qual! resmungou Paiva, mascando o cigarro. — Tenho ainda muito que aturar!
E passaram então a falar de estudos. Amâncio fazia recriminações: "Só encontrara dificuldades". Disse a sua antipatia pelas ciências práticas; queixou-se de alguns veteranos, que, por serem mais antigos na escola,