Paga isso e vamo-nos embora. Queres tu ir até lá a casa?...
— Mas eu já estou há muito tempo na rua... considerou Amâncio.
— E o que tem isso?!... Deves contas de ti a alguém?! Ora essa!
— É que Campos pode reparar!...
— Pois que repare! Manda plantar batatas o tal Campos! Tu não és nenhum caixeiro dele... Eu, no teu caso, nem ficava ali mais um dia! Que necessidade tens agora de passar às sopas de um negociante, e sujeitar-te a regulamentos comerciais? É de mau gosto estar hospedado em casa de negócio! Olha! Se quiseres, muda-te lá para a república. Sempre é outra coisa morar com rapazes! Aprende-se!
O criado, a quem já tinham pedido a conta, entrou com uma pequena salva na mão e foi, instintivamente, depô-la em frente de Amâncio.
— Espere, disse este, tirando dinheiro do bolso. E entregou-lhe uma nota de cem mil-réis.
O moço saiu correndo.
— Quanto foi? desejou saber Paiva.
— Oitenta e cinco mil-réis, respondeu o outro.
— Oitenta e cinco mil-réis! Oh! que grande ladroeira!
E logo que o criado voltou com o troco:
— Tomem, faça o favor de dizer em que se gastaram aqui oitenta e cinco mil-réis... Salvo se vossemecês metem também na conta o que quebrou Brás!
— Não senhor! Eu só cobrei os copos, que já estavam partidos antes do rolo.
— Que enorme ladroeira! insistia Paiva, a sacudir a cabeça.
— Deixa lá! aconselhou Amâncio, puxando-o para fora.