E, com muita sutileza, comprou para o filho uma bela pistolinha de brinquedo que estalava fulminantes, e depois uma outra, mais séria, que admitia carga de pólvora.

Janjão era, porém, cada vez mais refratário a tudo isso. Preferia ficar a um canto da sala, entretido a vestir os seus bonecos ou a fazer de cozinheiro. A mãe por esse tempo dava-lhe uma irmãzinha, que se ficou chamando Amélia, e desde aí o maior encanto do menino era tomar conta do caixão em que estava a pequerrucha toda envolvida em panos, e não consentir que as moscas lhe pousassem na moleira.

Um dia, o pai, descendo ao quintal, encontrou-o muito empenhado com o moleque a armar um oratório. Iam fazer procissão: o andor e o santo estavam prontos; uma sombrinha enfeitada de franjas, faria as vezes de pálio.

Lourenço ficou desesperado, e com dois pontapés reduziu tudo aquilo a frangalhos.

— Era o que lhe faltava! — que o basbaque do filho, além de tudo, lhe saísse carola!

E quando subiu, disse terminantemente à mulher que não admitia que o filho corrompesse o espírito com as patacoadas daquela ordem.

— Se me constar, bradou ele ao pequeno — que me tornas a fazer igrejinhas, racho-te de meio a meio, pedaço de uma lesma! Ora vamos a ver! Cai noutra, e terás uma sapeca que te deixa a paninhos de sal! Experimenta e verás!

Ele queria lá filhos devotos! Era só o que lhe faltava! Era só! Aquele menino parecia o seu castigo! parecia a sua maldição!

Aos doze anos Janjão entrou para o internato de Pedro II. A princípio custou-lhe bastante compreender