batendo as bengalas nas folhas das mesas, uma ou outra mulher entristecida e a claque, uma claque absurda, berrando chamadas diante dos copos vazios, quase no fim da sala.

Tantan Balty voltara, resfolegara, e com as duas grossas mãos no lábio rubro, parecia querer beijar toda multidão. Afinal, a campainha retiniu e o velário correu, cerrou-se sobre uma última graça de Tantan. Tinha acabado a segunda parte. Havia um rumor de cadeiras, de estampidos de rolha, de copos entrechocados, por todo o hall As lâmpadas elétricas tinham uma medonha trepidação, como se fossem grandes borboletas de luz presas de agonia a bater as asas brancas.

No camarote de boca, solitários e de smoking, fui encontrar o barão Belfort e o conde Sabiani. O conde era um homem alto, de torso largo, bigode espesso. Tinha a fisionomia fatigada e flácida. Olhando o seu turvo olhar, logo me vieram à mente as coisas tenebrosas que a respeito correm. O barão, porém, contava com um ar desprendido a história de Tantan Balty, que ele conhecera numa bodega de Toulouse, em 1890, já velha e já gorda. Parou, sorriu:

- Seja bem-vinda a virtude entre o crime e o vício...

O conde Sabiani estendeu a sua mão cheia de anéis, consultou o programa preguiçosamente.