cada esquina, ou sentados nas soleiras das portas, ou em plena calçada, uns rapazes, alguns crescidos, outros pequenos. À nossa passagem calavam-se, riam. Mas nós íamos seguindo, cada vez mais curiosos.
Afinal, demos no Largo da Harmonia, deserto e lamentável. À porta da igreja uma outra roda, maior que as outras, confabulava. Aproximamo-nos.
- Boa noite!
- Boa noite! - respondeu um pretalhão, erguendo-se com os tamancos na mão.
Os outros ficaram hesitantes, desconfiando da amabilidade.
- Que fazem vocês aí?
- Nós? - indagou um rapazola já de buço, gingando o corpo - Contamos histórias: ora aí tem! Interessa-lhe muito?
- Histórias! Mas eu gosto de histórias. Quem as conta?
- Isso é costume cá no bairro. Há rapazes que sabem contar que até dá gosto. Aqui quem estava contando era o José, este caturrita...
Era um pequeno franzino, magro, com uma estranha luz nos olhos.
Talvez matasse amanha, talvez roubasse! Estava ingenuamente contando histórias...
Sertório insistia, entretanto, para ouvi-lo. Ele não se fez de rogado. Tossiu, pôs as mãos nos joelhos...