Página:Contos Populares Portuguezes colligidos por F. Adolpho Coelho.pdf/57

— 21 —

— «Arruma-te para eu passar.» Como elle não se arrumasse, engoliu-o.

Mais adeante encontrou um lobo e comeu-o; depois encontrou ainda uma coruja e fez-lhe o mesmo.

Chegado ao palacio do rei disse que lhe queria fallar e entregou-lhe a bolsa das moedas e o rei ordenou logo que o metessem na capoeira das gallinhas e que o tractassem muito bem. O borrachudo, logo que alli se viu, começou a cantar:

— «Qui qui ri qui,
Minha bolsa de moedas
Quero para aqui.»

E como vissem que lh’a não levavam, lançou a raposa que tinha comido, e ella comeu as gallinhas todas.

Foram dar parte a el-rei do succedido e elle ordenou que mettessem o borrachudo dentro da copeira. Compriram-se as ordens, mas o borrachudo continuou sempre a cantar:

— «Qui qui ri qui, etc.»

Depois como lhe não levassem o dinheiro, lançou o pinheiro e os copos da copeira foram todos quebrados.

Então o rei ordenou que mettessem o borrachudo na cavallariça, e elle sempre cantando:

— «Qui qui ri qui, etc.

Lançou fora o lobo e o lobo comeu os cavallos.

O rei mandou então que o mettessem no pote do azeite, mas elle lançou lá a coruja e ella bebeu o azeite.

Então o rei, não sabendo já o que havia de fazer, mandou que aquecessem o forno e que metessem lá o borrachudo; mas elle, mesmo dentro do forno começou a gritar:

— «Qui qui ri qui, etc.»