mas teve pena de matar a rainha, e mandou fazer um caixão, botou-a dentro d'elle e mandou largar no mar.

A rainha, que estava gravida, deu á luz um menino, que por ter nascido no mar e se ter alimentado dos goivinhos das pedras, se chamou o principe Lodo. A rainha e o principesinho foram dar n'uma tarde, onde um pescador os encontrou e levou para sua casa. Por lá elles contavam a sua historia. O rei pensando que a rainha já tinha morrido, já se havia casado outra vez; mas ouvindo fallar d'aquelle principe, meio desconfiado mandou-o chamar para ouvil-o. O pescador deu duas folhinhas ao principe, e lhe disse: «Quando lá chegar conte a sua historia direitinha ao rei, e quando elle se fôr zangando diga: Esta historia era meu bisavô que contava a meu avô, meu avô a meu pai, meu pai a mim e eu agora a conto a Vossa Magestade; e cheire esta folhinha que você ficará bem velhinho, e, quando elle for melhorando, cheire esta que tornará a ficar mocinho.» O principe Lodo, chegando a palacio, o rei lhe pediu para contar a sua historia. O principe lhe contou e fez tudo o que o pescador lhe ensinou; cheirou a folha e ficou velhinho com a cabeça branca como uma pasta de algodão[1]

 

Acabada esta terceira historia, a velha foi-se embora porque já era tarde, e acabou-se a funcção do baptisado; porque o principe no dia seguinte voltou das guerras, que se tinham acabado. Ahi o papagaio, que era um anjo, voou para os céos.



  1. Não nos foi possivel conseguir o final d'este ultimo e bello conto do papagaio, que por vezes ouvimos integralmente em Sergipe narrado no seio de nossa familia. Pedimos desculpa por similhantes lacunas, primettendo um dia, talvez suppril-as.