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— Eu sei lá d’elle! todos os que estão doentes me fecham as janellas assim que anoitece! O Vento é que hade saber.

A mãe da Lua deu á menina uma paraboinha de ouro, e ella foi ter á casa do Vento. A mãe do Vento tambem perguntou ao filho, e elle disse:

— O principe está muito longe e eu já lá cheguei, mas como está doente fecharam-me todas as janellas. O Sol é que sabe onde é que o principe está.

A menina foi-se embora, e a mãe do Vento deu-lhe uma roca de ouro cravejada de diamantes. Até que chegou á casa do Sol; a mãe tratou-a muito bem, e nisto entrou o Sol muito radiante e alegre, e disse onde é que estava o principe, e ensinou-lhe o caminho. A mãe do Sol deu-lhe um fuso de ouro.

A menina chegou defronte do palacio e sentou-se, mas estava tudo fechado. Puchou da sua paraboinha e pôz-se a dobar. As criadas do palacio viram aquillo e foram-n’o dizer á rainha, que lhe mandou dizer que queria comprar aquella paraboinha. Ella respondeu:

— Só se me deixarem entrar no quarto do principe.

E pôz para a banda a paraboinha, e começou a fiar na roca de ouro cravejada de diamantes. Foram dizel-o á rainha, e ella tornou a mandar-lhe pedir que lhe vendesse a roca e a paraboinha; a menina respondeu, que só se a deixassem entrar no quarto do principe. A rainha quiz, e a menina foi ter ao quarto aonde estava o principe doente e cheio de feridas. A menina chegou-se ao pé da cama, fallou-lhe, e elle conheceu-a; contou-lhe então a traição que as irmãs lhe fizeram com inveja. O principe ficou muito contente com a verdade e melhorou de repente, contou tudo á rainha e casou e viveram ambos muito felizes.

(Algarve.)