porém a parte repugnante caiu totalmente, ficando apenas a fórma vulgar de um caso restricto á provincia do Minho, que é a que alimenta mais a emigração para o Brazil.

Alguns contos populares actuaes correspondem ainda á linguagem symbolica das tribus scythicas, onde nasceram como modo de expressão; é assim que Plutarcho conta como o monarcha scytha Skilvarus, para mostrar aos seus cincoenta filhos que a união faz a força, manda juntar cincoenta varas, que reunidas não podem ser quebradas.[1] A acção emblematica transformava-se espontaneamente em uma narrativa allegorica, na fórma de comparação (no chinez pi-yu; no goth. gajuko), ou na fórma de parabola enigmatica (no goth. frisahts). Todas estas fórmas persistem na novellistica popular; a crença religiosa dos povos scythas, de que a lua é a mansão dos mortos, persiste ainda em toda a Europa na lenda do homem que foi arrebatado para a lua. A deusa Artin-paza, ou a propria lua, é que recebia em si as almas dos mortos;[2] a universalidade da lenda só se pode explicar pela dissolução de uma crença commum.[3]

O restabelecimento da cadeia tradicional só pode conseguir-se procurando os elementos ethnicos e antropologicos communs aos differentes povos. É assim que a enorme dispersão das raças mongoloides para o occidente e norte da Europa, bem como o seu fetichismo inicial, nos explicarão as condições de unidade de certas fabulas e contos europeus que ainda hoje se vão encontrar no extremo Oriente. Os philologos não se atreviam a recuar para traz das raças áricas, e por isso estes problemas, muitas vezes incompativeis com as concepções

  1. Bergmann, Les Getes, p. 146.
  2. Ibidem. p. 216.
  3. Vide sobre esta lenda o estudo de Stanislao Prato L’Uomo nella luna, onde vem bastantes dados comparativos.