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CONTOS CARIOCAS


Que en tinha nella uma senhora escrava,
Terna, submissa, amante e reverente!

Tentei ser forte... Um santo que resista
Aquelles olhos negros e profundos!...
E... não faltei á calida entrevista
Que ella me deu... não no portão dos fundos.

Duas vezes, tres vezes por semana,
Eu, venturoso, achava-me ao seu lado!
Oh! se eu tivesse a musa ovidiana,
Cantára o nosso indomito peccado!

VII

Mas tudo acaba! — percebi que o tedio
Seu pervertido espírito invadira...
Saudoso, vi perdido, e sem remedio,
O seu amor, estupida mentira.

Alguem o meu logar tomou; depressa
Outro, e mais outro... E tarda o derradeiro!
Do vicío a velha machina não cessa...
Já lá se vae o decimo primeiro!

E cada vez mais bella entre as mais bellas
A minha pobre namorada estava!
Era um anjo... sem azas, mas, sem ellas,
De coração em coração voava!