DESEJO DE SER MÃE
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Não resava: sonhava, e em sonhos via
A minha pobre namorada morta...
Só dei por mim quando da sacristia
Gritaram: — Saia! vae fechar-se a porta! —


Passado um anno, vi-a em Botafogo,
N’um baile, em casa do barão *** seus olhos
Negros, brilhantes, dardejavam fogo,
E promessas faziam sem refolhos.

Tinha nos labios um sorriso franco,
Tão diverso daquelle de menina,
E o collo, arfando, entumecido, branco,
Estremecia como gelatina.

Sorriu ao ver-me; eu não sorri; curvado,
Tive apenas um gesto de cabeça;
Ella, porém, correu para o meu lado,
Inconsequente, gárrula, travessa.

— O seu braço? me disse. Dei-lhe o braço,
E começámos a passear nas salas.
Eu dizia commigo a cada passo:
— Não ha que ver: estou mettido em talas!

Ali mesmo jurou que ainda me amava
Como sempre me amára: ardentemente;

5.