BEM FEITO!
 

A mulher do Vilella
Não era uma Penelope; os visinhos
Viam de vez em quando em casa della
Entrar um moço de altos collarinhos,
Polainas e cartola. Não seria
Caso para estranhar, e aquella gente
A’ lingua não daria,
Si não escolhesse o moço justamente,
Para as suas visitas,
As horas infinitas
Em que o dono da casa estava ausente.

Defronte, um cidadão austero e grave,
Marido e pae de umas senhoras feias,
Que, zeloso, ao sahir, fechava á chave,
Sentia o sangue lhe ferver nas veias
Sempre que via aquelle sujeitinho,
Desrespeitando a visinhança honrada,
Em casa entrar do credulo visinho.
Por isso, resolveu — cousa impensada! —
Dizer tudo ao marido,
Que não era, aliás, seu conhecido,