NÃO SEI
O tempo, que tudo some,
Não me apagou da lembrança
O dia em que á vez primeira
A passear te encontrei.
Perguntei qual o teu nome;
Tu respondeste: — Não sei. —
Mas não perdi a esperança,
E retorqui: — E’solteira? —
Conservaste-te calada,
E eu calado não fiquei.
— Diga: é viuva? é casada? —
Tu respondeste: Não sei. —
— Por que vae tão apressada?
Onde é que mora? — Indaguei.
Alguma coisa me diga,
E, se não quer que eu a siga,
Não seja assim tão austera,
E não responda: — Não sei. —
Tomaste um bonde, e eu — pudéra! —
O mesmo bonde tomei,
No banco em que te sentaste
Resoluto me sentei;