MORTOS E VIVOS
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O viuvo, no quarto,
Junto ao cadaver, pois não houve meio
De arrancal-o dali, me parecia
Estranho a tudo, tive até receio
De que a razão perdido houvesse, e creio
Que elle a perdera, embora
Mais tarde a recobrasse. Desvairado
Tinha o olhar, e sorria
De um modo tão estranho, que ainda agora
Só de lembral-o fico horripilado!

Porém, no atroz momento
Do funebre sahimento,
Fez explosão a dor daquelle moço!
Que lagrimas! que gritos! que alvoroço!
Ao caixão abraçado,
Que o tirassem dali não consentia,
Vociferando, em lagrimas banhado,
O doce nome da gentil Maria.

Perto do cemiterio
Fernando foi morar, porque sentia
Allivio e refrigerio
Ao visitar a sepultura fria
Onde o seu bem jazia.

Durante o mez primeiro
Que se seguiu á sua desventura,
Lacrimoso lá ia
Duas vezes por dia,