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CONTOS CARIOCAS


De tanta impudicicia,
Apenas murmurou — pobre senhora! —:
— Estamos livres um do outro agora —,
E continuou fazendo os seus docinhos,
Gabados por innumeros freguezes.

III

Ai! os fados mesquinhos
Não quizeram durasse muitos mezes
A regeneração do meu Fabricio.
Farto de Olga Menezes,
N’um momento propicio
Fingiu ciumes e a poz no andar da rua,
Coitada! quasi nua!
Comquanto ella dissesse que no ventre
Sentia palpitar dos seus amores
Embryonario fructo.
— Saia depressa e nunca mais cá entre!
Vociferava o bruto,
Simulando furores.
— Mas o meu filho? — Tem um filho? Embora!
Si tem um filho, não é meu! Lá fóra!... —
Elle, de então por diante,
Tornou a ser o typo repugnante
Que sempre fôra, cheio de mazelas,
Arruador de beccos e vielas;
Jogador e devasso,