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CONTOS CARIOCAS


Sae da loja a mulher, sempre sósinha,
E, desta vez, ligeira se encaminha
Para o largo de São Francisco. Pára
Deante de uma vitrine, e então repara
Que é seguida de perto
Pelo Braz, e sorri assim de certo
Modo que o encoraja,
Pois aquelle sorriso,
Vago, estranho, indeciso,
Não é de quem reaja.

III

Elle aproxima-se, e ella, resoluta,
Como heroina habituada á luta,
Deste modo lhe fala:
— Que deseja de mim o cavalheiro? —
Elle, a sorrir, pergunta-lhe, gaiteiro:
— Dá-me licença para acompanhal-a? —
Ella responde muito amavelmente:
— Pois não! como quizer! — E incontinente
A caminho se põe. O Braz, ditoso,
Não cabendo na pelle de contente,
Vae-lhe seguindo o passo vagaroso.

A rua do Ouvidor atravessaram,
E uma esquina dobraram.