O COPO
 

Era uma noite de São João. João Canto,
Que era um João prazenteiro,
Não olhava a dinheiro:
Todos os annos festejava o santo,
Que andou pelo deserto,
O corpo mal coberto,
A comer gafanhotos, e, ao que julgo,
Foi santo melancolico, e, no emtanto,
Passa aos olhos do vulgo
Pelo mais brincalhão do calendario.

Naquella noite, em casa do João Canto,
Que era um velho e zeloso funccionario,
As gárrulas visitas
Entravam aos rebanhos:
Moços e velhos, homens e mulheres,
Muitos rapazes, muitas senhoritas,
E creanças de todos os tamanhos.

— Estás tu como queres!
Dizia dona Andreza, a esposa amada
Do João, contrariada