Mas deixem-na commigo: eu cá me entendo. —
Depois do almoço, um dia,
Elle na sala se fechou co’a filha,
Para tirar-lhe aquelle bigorrilha
Da cabeça. A pequena,
Impassivel, serena,
Lhe disse com franqueza
Que ninguem neste mundo apagaria
Aquella chamma no seu peito accesa.
— Isso agora é poesia —
Repete o pae teimoso,
E, sentando-a nos joelhos.
Melifluo, carinhoso,
Abre a torneira aos paternaes conselhos,
Aponta-lhe o futuro que a espera,
Conforme o noivo que escolher: de um lado,
Com o pobre do empregado,
A pobreza pudera! —
O desconforto, o desespero, a miseria!
— Sim, a fome, menina!
Estas coisas chamemos pelo nome!
A fome, — fome atroz! fome canina!...
E, do outro lado, com o negociante,
Que futuro brilhante!
Não faltarás a um baile, irás ao theatro;
Visitarás o Rio de Janeiro;
Poderás percorrer o mundo inteiro,
E ver o diabo a quatro! —
Mas a firme Santinha