O SOCIO
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Mas não valia a pena
Ter aprendido inglez, francez e geographia,
Se a uma eterna vassoura a sorte me condemna!

O pobre rapazinho andava o dia inteiro
Recados a fazer, levipede, lampeiro,
E, á noite, fatigado,
Atirava-se á rêde e um somno só dormia
Até pela manhã, quando a vassoura esguia
O esperava num canto. Elle tinha licença
De ir á casa dos paes de quinze em quinze dias!...
Sentia pela mãe uma saudade intensa!
Vida estupida e má! vida sem alegrias!...

Saraiva, o principal socio daquella firma,
Typo honrado, conforme inda hoje a praça affirma,
Andava pela Europa a viajar, e o socio,
O Almeida, estava então á testa do negocio.
Era o Almeida casado, e tinha uma sujeita...
No intuito de evitar toda e qualquer suspeita,
Não quiz o maganão que ella morasse perto
Da casa de negocio, onde estava a familia:
Em S. Pantaleão, bairro sempre deserto,
Poz-lhe casa e mobilia.

O Arnaldo lamentava o seu mesquinho fado,
E andava sempre triste e sempre amargurado,
Quando o senhor Almeida, o patrão, de uma feita,
Se lembrou de o mandar á casa da sujeita,
Levar uma fazenda
De que ella lhe fizera ha dias encommenda.