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CONTOS MARANHENSES


— Tu vaes para o commercio. Arranjei-te um em-
  [prego
Em casa de Saraiva, Almeida & Companhia.
Acredita, rapaz, que o teu e o meu socego
Farás, se me disseres
Que não te contraria
Esta resolução. Tua mãe, que é bem boa,
Mas os defeitos tem de todas as mulheres,
Quer que sejas p’r’ahi um bacharel á tôa;
Pois olha que teu pae tem pratica do mundo
E a machina social conhece bem a fundo;
Para o commercio vae. Se tiveres juizo,
Em dez annos... nem tanto até será preciso...
Serás socio da casa. A casa é muito forte,
Meu filho, e todos lá têm tido muita sorte.

O Arnaldo quiz em vão protestar. O bom velho
Fel-o chegar-se ao relho,
E a ambiciosa mãe capacitou-se, em summa,
Que, na casa Saraiva, Almeida & Companhia,
Teria mais futuro o seu rapaz, que numa
Reles academia.

Pobre Arnaldo! O logar que lhe foi reservado
Não era de caixeiro,
Mas de simples criado:
A’s cinco da manhã dispertava, e ligeiro
Descia aos armazens, pegava na vassoura,
E tinha que varrer o chão. Não me desdoura
O trabalhar (o moço aos seus botões dizia).