POR UM FIO!
 
Conto-Monologo[1]
 

E’s casado tambem?... tua esposa é ciumenta
E tem — para empregar uma expressão usada —
Cabellinho na venta?
Pois vou dar-te um conselho e não te peço nada:
Evita entrar no bonde. Acaso necessitas
De ir á Copacabana? à Fabrica das Chitas?
A’ Villa-Guarany?
A’ Muda da Fijuca? ao Rocha? a Catumby?
Toma um carro de praça! E, se não tens dinheiro
Que affronte a proverbial ganancia do cocheiro,
Enche-te de valor e vae pedes calcantes.
Assim se andava d’antes
Por toda esta cidade,
E havia mais saude e mais actividade.
Mas, se evitar não pódes
O bonde, e um negro fado exige que tu rodes

 
  1. Se o leitor algum merecimento encontrar neste conto, não será, certamente, pelo assumpto, que nada vale. Entretanto, accusaram-me de o haver furtado. Escrevi esses versos a pedido do distincto actor Mattos, aproveitando o facto contado por elle como succedido a um amigo. E’ possivel que exista outro conto, monologo ou coisa que o valha, com o mesmo assumpto, mas nunca o vi nem o ouvi. — A. A.