« Espero, meu caro doutor, que não deixe de vir hoje; esperei-o hontem em vão. Desejo fallar-lhe. »
Estevão acabou de ler este bilhete na escada, com tal pressa descia e tal urgencia tinha de achar-se em casa da viuva.
O que elle não queria era perder aquelle assomo de coragem.
Partio.
Quando chegou á casa de Magdalena achava-se esta á janella. Recebeu-o com a costumada affabilidade. Estevão desculpou-se como pôde por não ter podido vir na vespera, accrescentando que só com desgosto do seu coração havia faltado.
Que melhor occasião do que era essa para lançar a bomba de uma declaração franca e apaixonada? Estevão hesitou alguns segundos; mas tomando animo, ia continuar o periodo, quando a viuva lhe disse:
— Estava anciosa por vêl-o para communicar-lhe uma cousa de certa importancia, e que só a um homem de honra, como o senhor, se póde confiar.
Estêvão empallideceu.
— Sabe onde foi que eu o vi pela primeira vez?
— No baile de***.
— Não; foi antes d’isso; foi no theatro Lyrico.
— Ah!
— Lá o vi com o seu amigo Menezes.