— Tem trinta; quer dizer que tua mãi casou-se com quinze annos.

Vasconcellos parou, afim de ver o effeito que produzião estas palavras; mas foi inutil a expectativa; Adelaide não comprehendeu nada.

O pai continuou:

— Não pensaste no casamento?

A menina corou muito, hesitou em fallar, mas como o pai instasse, respondeu:

— Qual, papai! eu não quero casar,..

—. Não queres casar? É boa! porque?

— Porque não tenho vontade, e vivo bem aqui.

— Mas tu pódes casar e continuar a viver aqui...

— Bem; mas não tenho vontade.

— Anda lá... Amas alguem, confessa.

— Não me pergunte isso, papai... eu não amo ninguem.

A linguagem de Adelaide era tão sincera, que Vasconcellos não podia duvidar.

— Ella falla a verdade, pensou elle; é inutil tentar por esse lado...

Adelaide sentou-se ao pé d’elle, e disse:

— Portanto, meu paizinho, não fallemos mais n’isso...

— Fallemos, minha filha; tu és criança, não sabes calcular. Imagina que eu e tua mãi morremos amanhã. Quem te ha de amparar? Só um marido.