— Mas se eu não gosto de ninguem...
— Por ora; mas has de vir a gostar se o noivo fôr um bonito rapaz, de bom coração... Eu já escolhi um que te ama muito, e a quem tu has de amar.
Adelaide estremeceu.
— Eu? disse ella. Mas... quem é?
— É o Gomes.
— Não o amo, meu pai...
— Agora, creio; mas não negas que elle é digno de ser amado. Dentro de dous mezes estás apaixonada por elle.
Adelaide não disse palavra. Curvou a cabeça e começou a torcer nos dedos uma das suas tranças bastas e negras. O seio arfava-lhe com força; a menina tinha os olhos cravados no tapete.
— Vamos, está decidido, não? perguntou Vasconcellos.
— Mas, papai, e se eu fôr infeliz?...
— Isso é impossivel, minha filha; has de ser muito feliz; e has de amar muito a teu marido.
— Oh! papai, disse-lhe Adelaide com os olhos rasos de agua, peço-lhe que não me case ainda...
— Adelaide, o primeiro dever de uma filha é obedecer a seu pai, e eu sou teu pai. Quero que te cases com o Gomes; has de casar.
Estas palavras, para terem todo o effeito, devião