Emilia o menor receio que a boa tia não assignasse de antemão.
Na sala em que Tito foi recebido não estava ninguem. Elle teve portanto tempo de sobra para examinal-a á vontade. Era uma sala pequena, mas mobiliada e adornada com gosto. Moveis leves, elegantes e ricos; quatros finissimos, estatuetas copiadas de Pradier, um piano de Erard, tudo disposto e arranjado com vida.
Tito gastou o primeiro quarto de hora no exame da sala e dos objectos que a enchião. Esse exame devia influir muito no estudo que elle quizesse fazer do espirito da moça. Dize-me como moras, dir-te-hei quem és.
Mas o primeiro quarto de hora correu sem que apparecesse viva alma, nem que se ouvisse rumor de natureza alguma. Tito começou a impacientar-se. Já sabemos que espirito brusco era elle, apezar da suprema delicadeza que todos lhe reconhecião. Parece, porém, que a sua rudeza, quasi sempre exercida contra Emilia, era antes estudada que natural. O que é certo é que no fim de meia hora, aborrecido pela demora, Tito murmurou comsigo:
— Quer tomar desforra!
E tomando o chapéo que havia posto n’uma cadeira ia dirigindo-se para a porta quando ouvio um farfalhar de sedas. Voltou a cabeça; Emilia entrava.