Em um convento, onde a communhão das almas deve ser mais prompta e mais profunda, frei Simão parecia fugir á regra geral. Um dos noviços pôz-lhe alcunha de urso, que lhe ficou, mas só entre os noviços, bem entendido. Os frades professos, esses, apezar do desgosto que o genio solitario de frei Simão lhes inspirava, sentião por elle certo respeito e veneração.

Um dia annuncia-se que frei Simão adoecêra gravemente. Chamárão-se os soccorros e prestou-se ao enfermo todos os cuidados necessarios. A molestia era mortal: depois de cinco dias frei Simão expirou.

Durante estes cinco dias de molestia, a cella de frei Simão esteve cheia de frades. Frei Simão não disse uma palavra durante esses cinco dias; só no ultimo, quando se approximava o minuto fatal, sentou-se no leito, fez chamar para mais perto o abbade, e disse-lhe ao ouvido com voz suffocada e em tom estranho:

— Morro odiando a humanidade!

O abbade recuou até a parede ao ouvir estas palavras, e no tom em que forão ditas. Quanto a frei Simão, cahio sobre o travesseiro e passou á eternidade.

Depois de feitas ao irmão finado as honras que se lhe devião, a communidade perguntou ao seu chefe