que palavras ouvira tão sinistras que o assustárão. O abbade referio-as, persignando-se. Mas os frades não vírão n’essas palavras senão um segredo do passado, sem duvida importante, mas não tal que pudesse lançar o terror no espirito do abbade. Este explicou-lhes a idéa que tivera quando ouvio as palavras de frei Simão, no tom em que forão ditas, e acompanhadas do olhar com que o fulminou: acreditára que frei Simão estivesse doudo; mais ainda, que tivesse entrado já doudo para a ordem. Os habitos da solidão e taciturnidade a que se votára o frade parecião symptomas de uma alienação mental de caracter brando e pacifico; mas durante oito annos parecia impossivel aos frades que frei Simão não tivesse um dia revelado de modo positivo a sua loucura; objectárão isso ao abbade; mas este persistia na sua crença.
Entretanto procedeu-se ao inventario dos objectos que pertencião ao finado, e entre elles achou-se um rolo de papeis convenientemente enlaçados, com este rotulo: « Memorias que ha de escrever frei Simão de Santa Agueda, frade benedictino. »
Este rolo de papeis foi um grande achado para a communidade curiosa. Ião finalmente penetrar alguma cousa no véo mysterioso que envolvia o passado de frei Simão, e talvez confirmar as suspeitas do abbade.