Passárão-se dias e dias, e nada de chegar o momento de voltar á casa paterna. O ex-romancista era na verdade fertil, e não se cansava de inventar pretextos que deixavão convencido o pobre rapaz.
Entretanto, como o espirito dos amantes não é menos engenhoso que o dos romancistas, Simão e Helena achárão meio de se escreverem, e d’este modo podião consolar-se da ausencia, com presença das lettras e do papel. Bem diz Heloisa que a arte de escrever foi inventada por alguma amante separada do seu amante. N’estas cartas juravão-se os dous sua eterna fidelidade.
No fim de dous mezes de espera baldada e de activa correspondencia, a tia de Helena sorprendeu uma carta de Simão. Era a vigesima, creio eu.