Houve grande temporal em casa. O tio, que estava no escriptorio, sahio precipitadamente e tomou conhecimento do negocio. O resultado foi proscrever de casa tinta, pennas e papel, e instituir vigilancia rigorosa sobre a infeliz rapariga.

Começárão pois a escassear as cartas ao pobre deportado. Inquirio a causa d’isto em cartas choradas e compridas; mas como o rigor fiscal da casa de seu pai adquiria proporções descommunaes, acontecia que todas as cartas de Simão ião parar ás mãos do velho, que, depois de apreciar o estylo amoroso de seu filho, fazia queimar as ardentes epistolas.

Passárão-se dias e mezes. Carta de Helena, nenhuma. O correspondente ia esgotando a veia inventadora, e já não sabia como reter finalmente o rapaz.

Chega uma carta a Simão. Era lettra do pai. Só differençava das outras que recebia do velho em ser esta mais longa, muito mais longa. O rapaz abrio a carta, e leu tremulo e pallido. Contava n’esta carta o honrado commerciante que a Helena, a boa rapariga que elle destinava a ser sua filha casando-se com Simão, a boa Helena tinha morrido. O velho copiára algum dos ultimos necrologios que vira nos jornaes, e ajuntára algumas consolações de casa. A ultima consolação foi dizer-lhe que embarcasse e fosse ter com elle.