taurar-lhe alguma illusão perdida. Parece que não ha offensa n’esta ambição.
« Se, porém, essa esquivança denota simplesmente um sentimento de orgulho legitimo, perdôe-me se ousei escrever-lhe quando seus olhos expressamente m’o prohibírão. Rasgue a carta que não póde valer-lhe uma recordação, nem representar uma arma. »
A carta era toda de reflexão; a phrase fria e medida não exprimia o fogo do sentimento. Não terá, porém, escapado ao leitor a sinceridade e a simplicidade com que Mendonça pedia uma explicação que Margarida provavelmente não podia dar.
Quando Mendonça disse a Andrade haver escripto a Margarida, o amigo do medico entrou a rir despregadamente.
— Fiz mal? perguntou Mendonça.
— Estragaste tudo. Os outros pretendentes começárão também por carta; foi justamente a certidão de obito do amor.
— Paciencia, se acontecer o mesmo, disse Mendonça levantando os hombros com apparente indifferença; mas eu desejava que não estivesses sempre a fallar nos pretendentes; eu não sou pretendente no sentido d’esses.
— Não querias casar com ella?