lhe não tenho dado as cartas que o banqueiro tem trazido ha um mez. Hoje, porém, o homem disse que era indispensavel que lhe eu désse esta.
Soares sentou-se na cama, e perguntou ao criado meio alegre e meio zangado:
— Então tu és criado dele ou meu?
— Meu amo, o banqueiro disse que se trata de um grande perigo.
— Que perigo?
— Não sei.
— Deixa ver a carta.
O criado entregou-lhe a carta.
Soares abrio-a e leu-a duas vezes. Dizia a carta que o rapaz não possuía mais que seis contos de réis. Para Soares seis contos de réis erão menos que seis vintens.
Pela primeira vez na sua vida Soares sentio uma grande commoção. A idéa de não ter dinheiro nunca lhe havia acudido ao espirito; não imaginava que um dia se achasse na posição de qualquer outro homem que precisava de trabalhar.
Almoçou sem vontade e sahio. Foi ao Alcazar. Os amigos achárão-o triste; perguntárão-lhe se era alguma mágoa de amor. Soares respondeu que estava doente. As Lais da localidade achárão que era de bom gosto ficarem tristes também. A consternação foi geral.