Quando o lobo chegou á porta da velha, achou-a fechada e bateu, mas a avó não se podia levantar da cama, e perguntou: Quem está ahi?»
— É o chapellinho encarnado, respondeu o lobo imitando a voz da pequerrucha. A mamã manda-te bolos e uma garrafa de vinho.»
— Procura debaixo da porta disse a avó, que encontrarás a chave.»
Encontrou-a, abriu a porta, enguliu d'uma bocada a pobre velha inteira, e depois, vestindo o fato que ella costumava usar, deitou-se na cama.
Pouco depois entrou a pequenita, assustada e admirada d'encontrar a porta aberta, porque sabia o cuidado com que a avó a costumava ter fechada.
O lobo tinha posto uma touca na cabeça, que lhe escondia uma parte do focinho, mas o que lhe ficava descoberto era horrivel.
— Ai! avósinha, disse a creança, porque tens tu as orelhas tão grandes?»
— É para te ouvir melhor, minha filha.»
— E porque estás com uns olhos tão grandes?»
— É para te vêr melhor.»
— E para que estás com os braços tão grandes?»
— É para te poder abraçar melhor.»
— E Jesus! para que tens hoje uma bôca tão grande e uns dentes tão agudos?»
— É para te comer melhor.» A estas palavras o lobo arremessou-se á pobre pequena, e enguliu-a. Como estava repleto, adormeceu, e começou a resonar muito alto. Um caçador que passava por acaso, perto da casa, e que ouviu aquelle barulho, disse comsigo: A pobre velha está com um pesa-