estavam quietos eram o soldado de chumbo e a dançarinasinha. Ella no bico do pé, e elle n'uma perna só, a espreital-a.
Deu meia noite, e zás, a tampa da caixa de rapé levanta-se, e em lugar de rapé, saiu um feiticeirosinho preto. Era um brinquedo de surpreza.
— Soldado de chumbo, disse o feiticeiro, trata de olhar para outro sitio.»
Mas o soldado fez que não ouvia.
— Espera até ámanhã, e verás o que te acontece, continuou o feiticeiro.»
No dia seguinte, quando os pequenos se levantaram, puzeram o soldado de chumbo á janella, mas de repente ou por influencia do feiticeiro ou por causa do vento caiu á rua de cabeça para baixo. Que tombo! Ficou com a perna no ar, o peso do corpo todo sobre a barretina, e com a bayoneta enterrada entre duas lages.
A creada e o rapazito foram lá abaixo procural-o, mas estiveram quasi a esmagal-o, sem darem por elle. Se o soldado tivesse gritado: «Cautella!» tel-o-íam achado, mas elle julgou que seria deshonrar a farda. A chuva começou a cair em torrentes, e tornou-se n'um verdadeiro diluvio. Depois do aguaceiro passaram dois garotos.
— Olá! disse um d'elles, um soldado de chumbo por aqui! Vamos fazel-o navegar.»
Construiram um barco d'um bocado de jornal velho, metteram o soldado de chumbo dentro, e obrigaram-n'o a descer pelo regato abaixo. Os dois garotos corriam ao lado, e davam grito de prazer. Que ondas! Santo Deus! Que força de corrente! Mas tambem tinha chovido tanto! O barco jogava