d'uma maneira horrorosa, mas o soldado de chumbo conservava-se impassivel, com os olhos fixos e a espingarda ao hombro.
De repente o barco foi levado para um cano, onde era tão grande a escuridão como na caixa dos soldados.
— Onde irei eu parar? pensou elle. Foi o tratante do feiticeiro que me metteu n'estes trabalhos. Se, apesar de tudo, aquella linda menina estivesse no barco, não importava, ainda que a escuridão fosse duas vezes maior.»
D'ali a pouco apresentou-se um enorme rato d'agua; era um habitante do cano.
— Venha o teu passaporte.»
Mas o soldado de chumbo não disse nada, e agarrou com mais força na espingarda. O barco continuava o seu caminho, e o rato perseguia-o, rangendo os dentes, e gritando ás palhas, e aos cavacos: — Façam-n'o parar, façam-n'o parar! Não pagou a passagem, não mostrou o passaporte.»
Mas a corrente era cada vez maior, o soldado via já a luz do dia, e sentia ao mesmo tempo um barulho capaz d'assustar o homem mais valente. Havia na extremidade do cano uma queda d'agua tão perigosa para elle, como é para nós uma catarata. Aproximava-se d'ella cada vez mais, sem poder parar, com uma rapidez vertiginosa. O barco lançou-se sobre a queda d'agua, e o pobre soldado firmava-se o mais possivel, e ninguem se atreveria a dizer que o tinha visto fechar os olhos com o susto.
O barco, depois de ter andado á roda durante muito tempo, encheu-se d'agua, e estava a ponto