de naufragar. A agua já chegava ao pescoço do soldado, e o barco afundava-se cada vez mais. O papel desdobrou-se, e a agua passou por cima da cabeça do nosso heroe. N'esse momento supremo, pensou na gentil dançarinasinha, e pareceu-lhe ouvir uma voz que dizia:
— Soldado: o perigo é enorme, a morte espera-te.»
O papel rasgou-se, e o soldado passou atravez d'elle. N'esse momento foi devorado por um grande peixe.
Lá é que era escuro, ainda mais que dentro do cano. E além d'isso, que talas em que elle estava mettido! Mas, sempre intrepido, o soldado estendeu-se ao comprido com a espingarda ao hombro.
O peixe mexia-se e remexia-se, dava saltos de metter medo, até que emfim parou, e pareceu que o atravessava um relampago. Appareceu a luz do dia, e alguem exclamou:
— Olha um soldado de chumbo!»
O peixe tinha sido pescado, exposto na praça, vendido, e levado para a cosinha, e a cosinheira tinha-o aberto com uma enorme faca. Pegou no soldado de chumbo com dois dedos, e levou-o para a sala, onde toda a gente quiz admirar esse homem extraordinario, que tinha viajado na barriga d'um peixe. No entretanto o soldado não se sentia orgulhoso. Collocaram-n'o em cima da meza, e ali — tanto é verdade que acontecem cousas extraordinarias n'este mundo — achou-se na mesma sala, de cuja janella tinha caido. Reconheceu os pequenos e os brinquedos que estavam em cima da meza, o lindo palacio, e a adoravel dançarina sem-