No entanto Branca de Neve crescia, e de dia para dia se tornava mais formosa. Tinha apenas sete annos, e já ninguem a podia ver sem ficar maravilhado. Um dia a orgulhosa rainha, sentando-se diante do seu espelho, disse-lhe:
— Meu fiel espelho, responde-me: qual é a mulher mais linda que ha no mundo?»
— Não és tu, não és tu. Branca de Neve é mais linda.»
A estas palavras a orgulhosa rainha sentiu no coração uma dôr aguda, como uma punhalada, e ao mesmo tempo sentiu um odio mortal pela innocente Branca. Não podia socegar nem de dia, nem de noite. Para satisfazer o seu odio, chamou um creado, e disse-lhe:
— Quero quo Branca desappareça. Conduze-a á floresta, mata-a, e, para me provar que as minhas ordens foram executadas pontualmente, traze-me o coração.»
O creado levou Branca para o fundo da floresta, pegou n'uma faca, e dispunha-se a executar a ordem que recebera. A pobre creança chorava e lamentava-se, e pedia-lhe que a não matasse, porque ella não tinha feito mal a ninguem, e queria viver. O creado, commovido com aquellas lagrimas, não teve coragem, e abandonou-a na floresta, pensando que se as feras a devorassem a culpa não era d'elle, mas sim da rainha. Assim fez, e para mostrar o coração de Branca á rainha, matou um cabrito, e tirou-lhe o coração. A rainha ao ver aquelles despojos sangrentos ficou contentissima, e disse comsigo: Emfim, morreu a minha rival, e nenhuma mulher no mundo é tão bella como eu.