A pobre Branca, abandonada na floresta, não tinha morrido, mas estava cheia de medo. Pela primeira vez na sua vida punha os pés nas pedras, e andava pelo meio do matto que lhe rasgava o vestido, e pela primeira vez tambem via animaes ferozes. Mas as feras não lhe faziam mal algum, o deixavam-n'a andar. No fim do dia tinha atravessado sete montanhas.
Á noite chegou ao pé d'uma casinha muito pequenina. Estava morta de fome e de sede. Entrou na casa, onde tudo estava muito arranjado e muito limpo. Havia uma meza pequena, e sobre a meza, coberta com uma toalha de brancura irreprehensivel, sete pratos pequenos, sete garrafas pequenas, e ao longo da parede sete camas muito pequeninas. Branca comeu um pouco do que estava nos pratos, bebeu uma gota de vinho de cada copo, deitou-se na cama, resou, e adormeceu profundamente.
Momentos depois os donos da casa entraram. Eram sete mineiros pequeninos, cada um com uma lanterna dependurada na cintura. Viram logo que tinham gente em casa. Um d'elles disse:
— Quem comeu o meu pão?»
E os outros successivamente:
— Quem pegou no meu garfo?»
— Quem comeu o meu caldo?»
— Quem bebeu o meu vinho?»
E emfim um d'elles:
— Quem está ahi deitado na minha cama?»
Reuniram-se todos á roda do pequeno leito em que dormia Branca. Á luz das lanternas viram o doce rosto da creança, que dormia tranquillamente,