elle ao sultão. E toda a cidade começou a fallar d'esse tecido extraordinario.
Emfim o proprio sultão quiz vel-o emquanto estava no tear. Com um grande acompanhamento de pessoas distinctas, entre as quaes se contavam os dois honrados funccionarios, dirigiu-se para as officinas, em que os dois velhacos teciam continuamente, mas sem fios de seda, nem d'oiro, nem de especie alguma.
— Não acha magnifico? disseram os dois honrados funccionarios. O desenho e as cores são dignos de vossa alteza.»
E apontaram para o tear vasio, como se as outras pessoas que ali estavam podessem ver alguma cousa.
— Que é isto! disse comsigo mesmo o sultão, não vejo nada! É horrível! serei eu tolo, incapaz de governar os meus, estados? Que desgraça que me acontece!» Depois de repente exclamou: «É magnifico! Testemunho-vos a minha satisfação.»
E meneou a cabeça com um ar satisfeito, e olhou para o tear, sem se atrever a declarar a verdade. Todas as pessoas de seu sequito olharam do mesmo modo, uns atraz dos outros, mas sem ver cousa alguma, e no entanto repetiam como o sultão: «É magnifico!» Até lhe aconselharam a que se apresentasse com o fato novo no dia da grande procissão. «É magnifico! é encantador! é admirável!» exclamavam todas as bocas, e a satisfação era geral.
Os dois impostores foram condecorados e receberam o titulo de fidalgos tecelões.
Na vespera do dia da procissão passaram a noite em claro, trabalhando à luz de dezeseis ve-