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sariamente levar as cousas a extremidade de guerra actual.
     O Principe Regente com tudo, permittio-se por um momento, o esquecer-se, de que no estado presente da Europa se naõ podia soffrer, que Paiz algum fosse impunemente inimigo da Inglaterra; e que por mais, que S. M. pudesse estar inclinado a dar descontos á falta de meios, que Portugal tinha para resistir ao poder da França, com tudo nem a Sua Dignidade, nem os Interesses do Seu Povo, permittirîam a S. M. aceitar ésta disculpa, para conceder toda a plena extençaõ de petitorios sem fundamento. Aos 8 do Corrente foi Sua Alteza Real induzido a assignar uma ordem para a detençaõ de alguns subdidos Britannicos, e da inconsideravel porçaõ de Propriedade Britannica, que ainda existia em Lisboa. Ao publicar-se ésta ordem, eu fiz tirar as Armas de Inglaterra, que se achávam nas portas da minha Residencia, pedi os meus passaportes, appresentei a minha Representaçaõ final contra o prodecimento, que acabava de practicar a Corte de Lisboa, e dirigi-me para á Esquadra commandada pelo Cavalleiro Sidney Smith, que chegou á costa de Portugal, alguns dias depois de eu ter recebido os meus Passaportes, e com quem me ajunctei aos dezesette do Corrente.
     Eu suggeri immediatamente ao Cavalleiro Sidney Smith a utilidade de estabelecer um bloqueio o mais rigoroso á entrada do Tejo; e tive depois a satisfacçaõ de achar, que tinha nisto anticipado as intençoens de S. M. pois os vossos despachos (que recebî pelo Mensageiro Silvester, aos 23) ordenávam-me, que authorizasse ésta medida, no cazo em que o Governo Portuguez ultrapassasse os limites, que S. M. tinha julgado conveniente pôr à sua benignidade, e tentasse dar algum passo ulterior, que fosse injurioso á Honra ou Interesses da Gram Bretanha.
     Estes despachos foram dictados, na supposiçaõ de que éu ainda me achasse em Lisboa; e ainda que eu os naõ recebi senaõ depois de ter actualmente partido dequella