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Corte, com tudo, considerando maduramente o theor das vossas instrucçoens, pensei que serîa justo obrar como se tal naõ tivera acontecido. Resolvi, portanto, passar a examinar immediatamente o effeito que tinha produzido o bloqueio de Lisboa, e propor ao Governo Portuguez, como unica condiçaõ, debaixo da qual cessaría o bloqueio, a alternativa (por vós estabelecida) ou de entregar a Esquadra a S. M. ou de a empregar immediatamente em transportar o Principe Regente, e a Sua Familia para o Brazil. Eu tomei sobre mim a responsabilidade de renovar as Negociaçoens, depois de haverem cessado actualmente as minhas Funcçoens publicas, por estar convencido de que naõ obstante ser a Determinaçaõ fixa de S. M. de naõ soffrer, que a Esquadra de Portugal cahisse nas maõs de Seus Inimigos, comtudo o primeiro objecto de S. M. continuava a ser o mesmo de applicar esta Esquadra para o fim originario de salvar a Real Familia de Bragança da tyranía da França.
     Consequentemente requeri uma audiencia do Principe Regente, e junctamente seguranças de Protecçaõ e salvo conducto; e, havendo recebido a resposta de Sua Alteza Real, parti para Lisboa aos 27, no Navio de S. M. Confiance, que levava bandeira parlamentaria. Tive immediatamente as mais interessantes communicaçoens com a corte de Lisboa, os particulares das quaes seraõ plenamente desenvolvidos em outra carta. Bastará lembrar aqui, que o Principe Regente sabiamente dirigio todas as suas apprehensoens para um Exercito Francez, e todas as suas esperanças para uma Esquadra Ingleza: que elle recebeo de mim as mais expressas seguranças de que S. M. generosamente disfarçarîa estes actos de momentanea, e constrangida hostilidade, para que se tinha extorquido o consentimento de S. Alteza Real; e que eu prometia a sua Alteza Real, pela Fé do meu Soberano, que a esquadra Britannica na boca do Tejo serîa empregada em proteger a sua Retirada de Lisboa, e viagem para o Brazil.