A Lei de Assistência às Comunicações para a Segurança (CALEA), de 1994, determinou que as empresas telefônicas instalassem portas de interceptação remota em seus comutadores[1] digitais, criando uma nova infraestrutura de tecnologia para escutas telefônicas com apenas um clique, para que os agentes federais não precisassem mais sair e anexar grampos nas linhas telefônicas. Agora eles poderão se sentar em sua sede em Washington e ouvir seus telefonemas. Claro, a lei ainda exige uma ordem judicial para um grampo. Mas enquanto as infraestruturas tecnológicas podem persistir por gerações, as leis e políticas podem mudar da noite para o dia. Uma vez que uma infraestrutura de comunicações otimizada para a vigilância se torna arraigada, uma mudança nas condições políticas podem levar ao abuso desse poder recém-descoberto. As condições políticas podem mudar com a eleição de um novo governo, ou talvez mais abruptamente com o bombardeio de um prédio federal.

Um ano após a aprovação da CALEA, o FBI divulgou planos para exigir que as operadoras de telefonia construissem em sua infraestrutura a capacidade de escuta simultânea de 1% de todas as chamadas telefônicas em todas as principais cidades dos EUA. Isso representaria um aumento de mais de mil vezes, em relação à capacidade anterior de números de telefones que poderiam ser interceptados. Nos anos anteriores, havia apenas cerca de mil escutas telefônicas nos Estados Unidos por ano, nos níveis federal, estadual e local combinados. É difícil entender como o governo poderia empregar juízes suficientes para assinar ordens de escuta suficientes para grampear 1% de todos os nossos telefonemas, muito menos contratar agentes federais suficientes para se sentar e ouvir todo o tráfego em tempo real.

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  1. Nota da edição: Também conhecidos como switches, são dispositivos de interconexão usados para conectar computadores em uma rede formando o que é conhecido como rede local (LAN) e cujas especificações técnicas seguem o padrão conhecido como Ethernet.