Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/391

fe entraíTcmos na índia, foi o que contou hum delles, dizendo, que o anno paliado fobre duas náos de Meca que tardavam, em que lhe vinha fazenda, fizera pergunta a algumas peíToas, que ufani do officio de Aítrologia, e d′outras artes, que daqui dependem: huma das quaes peíloas, que elle daria por teílemunha, como aclor da obra, em hum vafo d′agua lhe moílrára as náos perdidas, e mais outras á vela, que dizia •partirem de mui longe pêra vir á índia, que a gente delias feria total deftruiçao dos Mouros daquellas partes. E porque em verdade ellas eram perdidas, com.o todos íabiam, pois a todos tocara ell:a perda, podia-fe tomar fufpeita do mais na vinda daquelles navios alli chegados, pois a gente delles era Chriílâ, capital imiga de Mouros. Finalmente com efta hiíloria, ora foffe fingida pêra induzir os outros, (poílo que fem ella elles citavam bem movidos contra os noíTos 3 ) ora que o Demónio lhe quiz reprefentar aquelle feu futuro mal • a conclusão da confulta acabou, que bufcaíTem todolos modos pofilveis pêra fumir os noílos navios no fundo do mar; e que as peíToas como ficaíTem em terra, hum, e hum os iriam gaílando, com que não houveíTe memoria delles, nem do que tinham defcuberto. Porém temendo que o Çamorij fe po- dia