DA FRANÇA AO JAPÃO
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temente da dissidencia, para, com astucia, augmentarem a preponderancia de que já gozão na colonia.

Foi com amargura que lembramo-nos dos antigos feitos, de que foi theatro a cidade, então florescente, de Macáo, e difficilmente se reconhecem os filhos dos autores de tão grande empreza. A terra onde Camões, o poeta ao mesmo tempo mythologico e christão, terminou Os Lusiadas, é hoje apenas habitada pelos descendentes de uma raça europea, atrozmente degenerada pelo sangue indiano e chinez.

O commercio de Macáo é presentemente sem nenhuma importancia, e salvo algumas casas chinezas que vendem a retalho, nenhuma casa importante tem prosperado.

Não queremos fallar dos meios adoptados como fontes de renda para subsidiar a metropole, nas despezas que faz com esta colonia; além destas questões não interessarem ao leitor, não devemos commentar certos factos que pódem encontrar, senão justificativa, ao menos, explicação necessaria nos costumes locaes, os quaes não profundamos.

O jogo é um dos vicios alimentados pelo povo chinez e sobretudo, as populações do litoral, entregão-se com infrene paixão a este covarde inimigo do trabalho; e na phrase do mais abalisado economista — Adam Smith, o verme destruidor de toda riqueza.

Nas suas relações com os europeus, os chins são pouco leaes e muito insolentes, e para fallarmos verdade, nenhuma garantia tem o viajante quando se interna no celeste Imperio.

É, especialmente, em Pekin, debaixo das vistas das autoridades superiores da China que os attentados contra os estrangeiros se succedem, sem que o governo chinez tome serias medidas de modo a prevenir taes delictos. Se contenta em punir os assassinos, emquanto que, com seu silencio, autorisa a publicação e distribuição de manifestos contra os europeus, excitando o odio das populações das cidades onde se distribuem taes pasquins.

Transcrevemos um destes manifestos, que foi affixado nas