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DA FRANÇA AO JAPÃO

Soubemos sem demora, que aquelle dia era de festa em Aden, e que os habitantes indigenas, reunidos em grupos, davão começo as suas grotescas danças. Lembramo-nos immediatamente dos fados da nossa boa terra, danças a que tantas vezes assistimos nos terreiros das fazendas dos nossos lavradores; e, desejosos por conhecermos sua origem, voltamos á terra para presenciar estas festas.

Proximo ao caes de desembarque, individuos de ambos os sexos formavão grupos em frente de pequenas barracas que exhalavão o cheiro nauseabundo de azeite de peixe queimado. Ahi, vendião-se bolos de farinha e peixe e uma infusão d’erva-doce bastante alcoolica e muito estimada pelos naturaes.

Em certos grupos o riso estalava com a maior franquia entre os homens e mulheres; os primeiros, quasi nús, apenas cobertos, em roda da cintura, por simples tangas, e estas vestidas com curtos saiotes, conservando quasi nús os seos roliços braços e elevados seios, ora envoltos em mantas riscadas de vivas côres, ora completamente despidos deixando ver os luzidios atavios que lhes ornavão os braços, o pescoço e a cintura.

Em outros grupos, o enthusiasmo ou alegria era desordenada e pela influencia de bebidas alcoolicas as querellas se suscitavão sem interrupção entre homens e mulheres, por coisas de amor.

Assim, notamos, que as mulheres, n’estas disputas, tomavão sempre a parte offensiva, tornando-se necessario a intervenção dos assistentes e especialmente do policeman indiano para aquietar-lhes os animos tão dispostos a ira, quanto faceis a disciplina dos agentes da autoridade.

Em um dos grupos, quatro ou cinco musicos tocavão em instrumentos indigenas um acompanhamento ás cantigas dos fadistas. Apenas estes individuos nos virão, vierão offerecer suas photographias mediante dois shellings. Um delles, fallava o inglez e nesta lingua discorreo sobre suas danças e as bellas dançarinas, que são, muitas vezes procuradas pelos governadores e officiaes da guarnição ingleza, para dançarem em suas festas.