excitados. Foi quando lembrei uma visita ao baile publico do Recreio. — «Nossa Senhora! disse a primeira estrella de revistas, que ia conosco. Mas é horrivel! Gente ordinaria, marinheiros á paisana, fufias dos pedaços mais esconsos da rua de S. Jorge, um cheiro atroz, rolos constantes…» — Que tem isso? Não vamos juntos?
Com effeito. Iamos juntos e fantasiadas as mulheres. Não havia o que temer e a gente conseguia realizar o maior desejo: acanalhar-se, enlamear-se bem. Naturalmente fomos e era uma desolação com pretas beiçudas e desdentadas esparrimando belbutinas fedorentas pelo estrado da banda militar, todo o pessoal de azeiteiros das ruélas lobregas e essas estranhas figuras de larvas diabolicas, de incubos em frascos d’alcool, que tem as perdidas de certas ruas, moças, mas com os traços como amassados e todas pallidas, pallidas feitas de pasta de matta-borrão e de papel d’arroz. Não havia nada de novo. Apenas, como o grupo parara diante dos dançarinos, eu senti que se roçava em mim, gordinho e appetecivel, um bebé de tarlatana rosa. Olhei-lhe as pernas de meia curta. Bonitas. Verifiquei os braços, o cahido das espaduas, a curva do seio. Bem agradavel. Quanto ao rosto era um rostinho atrevido, com dous olhos perversos e uma boca polpuda como se offertando. Só postiço trazia o nariz, um nariz tão bem feito, tão acertado, que foi preciso observar para verifical-o falso. Não tive dúvida. Passei a mão e preguei-lhe um beliscão. O bebé cahiu mais e disse