Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/12

feminina nas suas reconditas manifestações, que, de tão subtis, escapariam à observação masculina. Ela defendia a teoria de que a historia psiquica da Mulher, para ser verdadeira, deve ser feita por escritoras e não por escritores. Atraía, simultaneamente, o seu poder de analise, esse novo tipo feminino que surgira na segunda decada do seculo e que Alexandra Kolontay devia, mais tarde, estudar no seu livro «A mulher moderna e a moral sexual». A mulher da epoca, no que tem de eterno e contemporaneo, a mulher que luta pela sua independencia sem deixar de ser feminina, sem deixar de ser infinitamente mulher; a mulher «Forte...», como se diz numa das admiraveis cartas deste volume, e que procura ser mais humana, vencendo ancestraes preconceitos e cimentando a sua emancipação com a cinza das suas proprias ilusões, foi a personagem que mais fascinou a pena de Diana de Liz. Essa mulher, que começa a ser realidade depois de ter sido anseio, vibra, palpita, luta, desvenda-se e entrega-se em quasi todas as paginas desta escritora que é, por vezes, tão profunda sob a sua aparente frivolidade.

Não se preocupou Diana de Liz, como é natural num

— 10 —